kitschnet - mini-pratos ao balcão: reposteiro


15.6.06

reposteiro
fui lembrada por estes dias da pena que faz o desaparecimento das cabines telefónicas enquanto cabines. aquels que fechavam a porta e tinham apoios, listas telefónicas e bocais inúteis em dias de chuva. fez-me lembrar que haverá sempre alguma coisa sobre a qual escrever. esgotar o assunto é uma coisa engraçada e a separação do lixo também. é de todas as vezes que sorrio à ideia, eu já contei isto?, de que um escritório de patentes em milnovecentosevintes esteve para fechar à conta de pouco mais haver para inventar. a noção de finitude e o oposto são das coisas mais curiosas. na primeira página da obra o gene egoísta [uma da meia centena de provas do caso feira do livro que me levou à bancarrota este mês] de richard dawkins, gradiva, pode ler-se: "devemos a darwin podermos dar uma resposta sensata à criança curiosa cuja pergunta serve de título a este capítulo [porque existem as pessoas?]. Já não temos de recorrer á superstição quando confrontados com os problemas de fundo: há um sentido para a vida? porque existimos? O que é o homem? depois de formular a última destas questões, o eminente zoólogo G. G. Simpson declarou o seguinte: «aquilo que quero esclarecer agora é que todas as tentativas de responder a esta pergunta antes de1859 [data d'a origem das espécies] são desprovidas de valor e estaremos muito melhor se simplesmente as ignorarmos completamente»".
ora, este simplismo comove-me, aflige-me e a falta de luz é coisa pobre. de ideia narrow minded para outra narrow minded, não avança muito. ainda não cheguei a ponto do livro onde isto venha a ser desmentido. mas «macacos» [também eu a minimalizar] na primeira linha argumentativa, que não chega sequer a ser, não me parece, pelo menos assim de caras, grande resposta para a existência. mais que eliminar todas as outras dimensões da concepção da coisa humana, são para mim de um extremo ridículo e radicular. quadricular de tão quadrado.
e agora blá blá blá e já lá vai mais de um século e que não é bem assim e mais mil argumentos para o resto da história e trá lá lá. queria só mostrar que este primeiro parágrafo era de um belo aparvalhamento. agora a ver o que o resto reserva. para além do que citar um home chamado g. g. simpson não impõe respeito nenhum. limites, está tudo nos limites.
agora longe disto mas ainda a propósito do ano de cyberia, tenho dado boas voltas e não páro de aplaudir muitos que leio há muito tempo. os que advogam o diabo, os que acham a fogueira, tudo e todos, os que acusam, os que esplanam, os que espraiam e os que se espalham. os que dizem as coisas como são, os que acusam, os que sal e poemam, os que mostram, muito os que mostram, os que levantam, os que nadam e que tudam, os que riem, sempre os que riem, os que invejo, partilho e sobejo. todos os que gosto. sempre ou só às vezes, os que partem e os que ficam. ficam cá.
e eu que sou contra balanços não consigo eleger ou destacar um post dos meus e até gostava; só assim de dizer apontando: este foi o maior.
mais uma vénia. e que faça sol. ufa! e agora com licença que tenho um fricassé à minha espera.

posted by pimpinelle