kitschnet - mini-pratos ao balcão


22.6.06

se me perguntassem que raio de influencias tive na vida ou obra, teria de responder à espanhola. pois que tudo! raio de bicho mais influenciável me saí, raio de burra poliglota a querer absorver dialectos. e dei-me conta nos transportes, claro, espaço privilegiado de meditação, espaço privilegiado é uma expressão ridícula, que o metro não perdoa os senhores que vêm de lá com pacotes pesados e sacos grandes e raparigas de muitos saltos que não podem consigo, comigo não, nos calcanhares. e depois de ter estado a ler outras coisas e coisas belas, movida até à comoção lacrimenta de aperto no peito, no muro da escola leio de repente adorot fábio daniel. e feita pedante penso como se pode adorar um Fábio Daniel. mas lembro-me e muito claramente de ter amado um bruno felipe. e pode-se fazer à vontade. até à loucura de preferência. e deve-se. voltimeia tenho de me pôr na ordem e que isso sirva de lição. por causa disso lembrei-me do assomo de alegria de hoje, um dia explosivo – tirando o enjoo matinal que se deve à lactose [passa pela cabeça de alguém comprar leite gordo a uma pessoa crescida? – noutros tempos teria barafustado [o. m. q. tocar bateria] mas agora amaciada pelo tempo, suportei e engoli a básica dose de cálcio] – que me deixou ouveruelmed de tão extasiada. veja-se o influenciável que às vezes sou que, contagiada pela podridão etiquetadora desta sociedade barra civilização pobre que, no meio desta festa me pergunto se soerei bipolar num momento de euforismo. veja-se bem a estúpida! [[e nisto lembro-me do taxista que me acordou hoje de manhã numa rádio comum à hora das notícias a comentar o aumento da bandeirada dizendo e repetindo que só serve para aumentar a psicose das pessoas de que o táxi é um transposrte caro. atenção que este senhor pensa que não é nada parvo]]. bem, será a mesma inclinação céptica e venenosa que me assalta quando vejo um senhor, no transporte [espaço social privilegiado] com umas hortênsias tão perfeitas que a primeira coisa que penso é será que são de plástico. livra, a vida tem-me feito desconfiada. o que me salva é a terra debaixo das suas unhas, ou aquilo que eu desejo que seja terra. e deixo estar assim mesmo, já sei que é do equinócio. e escrevo em qualquer lado que hei-de escrever qualquer coisa importante em que alguém leve uma pêra, porque é pena que nunca ninguém leve pêras nos livros. E outras coisas também. [o meu enfatuamento blasé faz com que acabe muitas frases em blá blá blá e etcetera e com que muitas delas comecem por e [este último facto deve-seà gula], façam favor de ignorar que eu farei o mesmo.] Sou feliz todos os dias [interjeição!].

posted by pimpinelle